"Mais que um simples recanto de mundo, nossa história se passa num cenário de amor, marcado pela traição, pelo egoísmo e pelo arrependimento. Num vilarejo do sertão mineiro, Zizinha assiste ao nascimento da irmã, Ana. O desafeto já norteia o caminho das duas desde o primeiro olhar de Zizinha para a recém-nascida. Com o passar dos anos o que era simplesmente ciúme transforma-se em ódio. O motivo de toda a discórdia, nessa nova fase da vida das irmãs, não é mais a disputa pelo amor paterno, e sim o desejo ardente e doentio de Zizinha por João Andorinha, o par e grande amor de sua irmã. Num trato de conseqüências cegas e dolorosas, Zizinha pede que a Morte, sujeito traiçoeiro e manipulador, leve a irmã em troca de sua “pureza”.Trato feito! O recanto nunca mais será o mesmo..."
Fred Mayrink.
Nosso especial 'Revirando o baú' de hoje é comemorativo. Pois a um ano atrás, exatamente nesse dia , 1 de Outubro, era chegada a tão aguardada estreia do musical "Um Lugar Chamado Recanto", escrito e dirigido pelo brilhante Fred Mayrink. A peça não passou despercebida nem por aqueles que não estiveram presentes para conferir o espetáculo, do tamanho sucesso que foi na época nos palcos cariocas. Fred Mayrink soube explorar e trazer aos palcos toda a riqueza e delicadeza dos detalhes do Vale do Jequitinhonha que serviu de inspiração para a construção do Recanto. Desde o artesanato, como pode ser visto no conceito usado no cenário da peça, criado por Zé Cláudio, e também as máscaras ultilizadas e a noivinha feita em cerâmica, assim como a personalidade de cada personagem, embora distintos, foi muito bem retratada em diferentes conceitos emocionais e estéticos de cada um deles. A musicalidade presente foi algo que ficou bem marcado no musical. Pois havia outros 16 artistas (exceto nossa diva Ni Stelmann) que cantavam em cena. Os tambores mineiros usados traziam o coração de Minas para a peça. Foram os instrumentos usados na abertura do espetáculo que fizeram de "Um Lugar Chamado Recanto" um musical genuinamente brasileiro. O vilarejo, cenário folclórico da peça, considerada um grande 'causo' musicado, é na verdade uma homenagem que a direção prestou aos "Drummonds" e "Guimarâes".
Zizinha
Falar de "Um Lugar Chamado Recanto" logo vem a imagem associada da nossa diva Ni Stelmann como a 'irmã má' da história, a amargurada Zizinha. Nívea se despiu de toda e qualquer vaidade para mergulhar fundo no universo sombrio da personagem central do musical de Fred Mayrink. A caracterização foi inspirada na pintora mexicana Frida Kahlo. Por conta disso, foi introduzido lápis vermelho embaixo dos olhos para ressaltar os efeitos do choro constante, sobrancelhas unidas, buço visível e tranças pesadas presas no cabelo dividido ao meio foram alguns dos subterfúgios usados na caracterização da personagem. Todos esses elementos fizeram de Zizinha mais uma personagem lendária na carreira de Ni que com sua interpretação indiscutivelmente já consagrada, deixou a todos maravilhados com a transformação radical que sofreu, assim como soube ousar na medida certa toda a frieza e rancor exigido daquela personagem ressentida e triste.
Com enorme prazer e satisfação que o FC dedica esse post de hoje a você Ni, e a toda equipe de "Um Lugar Chamado Recanto", e nossos sinceros parabéns por nos proporcinarem um texto e espetáculo rico em qualidade e na elaboração usada.
Vídeos da chamada da peça
Ficha técnica
Atores: Nívea Stelmann, Camila Caputti, Daniel Lobo, Cláudio Galvan, Tino Gomes, Janaína Azevedo, Ronnie Marruda, Silvio Ferrari, Monica Horta, Nina Frosi, Bácima Zoghaib, Adriana Moreira, Mestre Chagas e Fernando Mayrink. Músicos: Joaquim de Paula, Valmyr de Oliveira e Thais Bezerra.
Direção: Fred Mayrink. Direção musical e arranjos: Liliane Secco
A peça ficou em cartaz até o dia 21 de Janeiro de 2010.
Cena clássica "Restos"
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